Fast Fashion Shein, três palavras que levantam questões muito importantes sobre: velocidade de produção, consumo excessivo, esgotamento de recursos minerais e força de trabalho forçado. Tudo na palma da sua mão. A um clique de aproveitar aquela superpromoção e garantir aquele look tendência!
Assustador, não? Mas agora responda: quantas roupas e acessórios você compra por ano? Quantas são de empresas como a Shein? Você realmente precisa comprar esta peça? Você conhece o termo fast fashion? Quanto por ano você o ajuda a crescer e se manter mais forte?
Parecem perguntas simples, mas não são. Mas calma! Não precisa correr pra terapia. No Unboxing de hoje vamos conhecer um pouco do que rola nos bastidores deste modelo de negócio de sucesso controverso.
O que é fast fashion?
Fast e fashion vêm do inglês e significam respectivamente: “rápido” e “moda”.
O conceito de fast fashion refere-se a um modelo de produção e consumo na indústria da moda que se caracteriza pela rápida produção e em larga escala de roupas e acessórios, com o objetivo de acompanhar as últimas tendências e disponibilizá-las aos consumidores a preços acessíveis. (Vale lembrar que este modelo não foi criado pela Shein. Ele existe desde o século passado e já era utilizado por marcas como H&M.)
Ela é impulsionada pela demanda de consumo por roupas novas e atualizadas com frequência, em resposta às rápidas mudanças da moda. Assim, marcas adeptas deste modelo de negócio criam coleções em ciclos curtos e lançam novos produtos a cada poucos meses (ou semanas). Em clara oposição à tradicional temporada de moda com lançamentos de coleção primavera/verão – outono/inverno.
Isso tudo só é possível pela adoção de práticas de produção eficientes e econômicas, como:
- terceirização da produção para países de mão de obra barata;
- Redução do tempo entre a concepção e a chegada do produto às lojas e
- Produção em grande escala.
É exatamente o jeitinho de ser do fast fashion Shein.
Uma moda que não é bonita
A velocidade de produção coloca este modelo de negócio no centro do alvo de muitas críticas e importantes discursões.
Algumas delas incluem condições de trabalho precárias em fábricas de países em desenvolvimento, exploração de mão de obra, impacto ambiental negativo devido ao uso intensivo de recursos naturais e ao descarte frequente de roupas, além da promoção do consumismo excessivo.
Em resposta a essas preocupações, alguns consumidores têm buscado alternativas mais sustentáveis e éticas na indústria da moda, como a compra de roupas de segunda mão (também conhecida second hand e moda circular). Algumas pessoas pesquisam por marcas que apoiam práticas mais conscientes em sua cadeia produtiva. Outros até adotam um estilo de vida minimalista ou um comportamento de consumo voltado para o quiet luxury (e nesse caso em particular para pouco e… ricos).
Fast Fashion Shein
A Shein é uma das marcas de fast fashion mais populares e conhecidas em todo o mundo. Ela é chinesa e foi fundada em 2008. Ganhou destaque principalmente por sua presença digital, com venda on-line de um amplo e variado catálogo de roupas, acessórios e calçados. Itens a preços extremamente baixos, muitas vezes sem custo de frete.
O fast fashion Shein segue rigorosamente a cartilha do modelo tradicional de fast fashion, com ciclos de produção rápidos e constantes lançamentos de novos produtos. Mantendo-se atualizadíssima com as últimas tendências da moda e oferecendo uma ampla gama de estilos e opções para atender aos mais variados gostos dos consumidores.
A sua estratégia de preços baixos é um dos fatores que a tornou tão popular. Ela consegue oferecer roupas a preços acessíveis devido à sua cadeia de abastecimento eficiente, à produção em grande escala e à terceirização para países com mão de obra mais barata.
Além disso, a marca também utiliza uma estratégia de marketing agressiva, com promoções, descontos e muuuitos incentivos para atrair novos clientes e fazer os antigos comprarem mais.
E se olharmos mais de perto?
Quanto mais pesquisamos sobre o fast fashion, mais verificamos preocupações relacionadas ao vasto ecossistema de sua cadeia produtiva, que incluem:
- Questões de qualidade: Devido aos preços baixos e à produção em massa, algumas pessoas têm relatado problemas de qualidade no produtos. Isso pode incluir tecidos ruins, modelagem e tamanhos inconsistentes e mal acabamento das peças.
- Ética e sustentabilidade: Como muitas outras marcas de fast fashion, ela enfrenta severas críticas relacionadas às condições de trabalho nas fábricas terceirizadas, principalmente em países com regulamentações trabalhistas menos rígidas. Além disso, a produção em massa e o ritmo acelerado desta indústria têm um impacto ambiental significativo, contribuindo para problemas como desperdício excessivo, poluição e esgotamento de recursos naturais.
- Originalidade e cópias: Sobre o fast fashion Shein ainda recai a acusação de copiar designs de outras marcas e independent designers. Aproximando a marca de outras questões legais, desta vez sobre direitos autorais em sua indústria.
Rápido de verdade. Mas para aonde vamos com tanta pressa?
O Fast Fashion Shein está por toda parte e é tão crescente (e com alto retorno financeiro) que já se fala no termo ultra fast fashion. Ou seja, uma cadeia produtiva muito mais veloz.
A rapidez não é encontrada só na sua operação. A Internet cresceu muito nas últimas décadas e, mais recentemente, o comércio eletrônico ganhou muito destaque. Isso trouxe uma mudança drástica no comportamento de consumo online, permitindo que algumas marcas expandissem sua presença global e ampliando seu público.
Assim, muitos de nós nos tornamos clientes dessas empresas. Alguns viraram uma chave interna do consumismo desenfreado, sem refletir sobre opções de compras e a real necessidade de adquirir determinado produto.
É o consumo pelo consumo? Ter por ter? E por trás de tudo isto, o que estamos ajudando a financiar?
São decisões para além de estamos na moda. É sobre os sérios alertas do impacto social, ambiental e ético que orbitam esta indústria. E não é apenas o fast fashion Shein. Mas todas as empresas que optam pelo fast fashion em seu modelo de negócio ou que, de qualquer modo, construam fortunas destruindo o meio ambiente e/ou desrespeitando os valores essenciais do ser humano.