COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

Certamente, você já teve vontade de chegar para aquele seu colega de trabalho, apontar o dedo na cara dele e dizer umas “boas verdades!”.

Ou, quantas vezes você já deixou de falar algo necessário a alguém, e por medo de gerar conflito, ficou “remoendo” a situação por dias, até que não aguentou mais, chamou a pessoa e falou?! E tcha RAM! O conflito que você tanto evitou bateu ali na sua porta!

O unboxing de hoje traz a abordagem da comunicação não violenta que poderia ser aplicada nas duas situações mencionadas, mas que se realizada da forma como propõe, pode evitar possíveis conflitos desagradáveis.

O que é Comunicação Não Violenta (CNV)?

Para explicarmos o que é a Comunicação Não Violenta (CNV), vamos começar dizendo o que ela não é.

Quando nos referimos à comunicação e usamos a expressão “Não Violenta” não estamos falando propriamente em violência física. Mas sim, na eliminação de toda forma de se expressar que traga consigo julgamentos, ironias, rótulos, preconceitos, ofensas e todo tipo de abordagem que promova conflito e desconforto.

A Comunicação Não Violenta (CNV) foi desenvolvida pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg. E propõe uma forma de se expressar e de se relacionar consigo e com os outros a partir dos sentimentos de respeito, empatia e compaixão. 

Na CNV, a busca por compreensão mútua é a chave para gerar conexões necessárias à resolução de conflitos de forma harmoniosa e saudável.

Para viver a Comunicação Não Violenta é necessário sair do monólogo, e se lançar no exercício de se expressar de maneira clara e honesta e ouvir profundamente os outros. Evitando assim, críticas, julgamentos, culpas ou “mal entendidos” que dificultam a CNV.

A CNV é um exercício diário de se doar com amor, empatia, gratidão, respeito, preocupação e atenção genuína para consigo e com o outro.

Como praticar a Comunicação Não Violenta?

Como mencionado acima, a CNV é um exercício diário, e envolve uma gama de sentimentos, e por isso, nem sempre é fácil de pôr em prática. Principalmente, porque envolve não só os sentimentos individuais, mas também os sentimentos dos outros.

Para facilitar a compreensão e vivência da Comunicação Não Violenta podemos descrevê-la em quatro componentes (aqui usamos o termo “componentes”, pois o termo “Passos” induz uma sequência e nem sempre os componentes se dão em ordem definida):

  • Observação: consiste em descrever uma situação específica e concreta, de forma clara, imparcial e objetiva, sem interpretações ou juízos de valor (que geralmente, envolvem julgamentos pessoais);
  • Sentimento: são as emoções que surgem mediante as situações descritas. Todos os sentimentos provindos da situação devem ser relatados transparentemente. Mas aqui se deve evitar culpabilizar outra pessoa pelo que se sente.
  • Necessidade: reconhecer e comunicar qual ou quais são as necessidades geradas mediante a situação descrita e a partir deste ponto, encontrar soluções que atendam às necessidades reconhecidas.
  •  Pedido: é a solicitação clara do que gostaríamos propor para atender nossas necessidades. A solicitação deve ser positiva, razoável, realizável e de forma respeitosa.

Cabe lembrar que, para obter sucesso usando a CNV se faz necessário que os quatro componentes estejam interligados. Mas ao mesmo tempo em que comunicamos nossas observações, sentimentos, necessidades e pedidos, esperando que tenhamos empatia do outro, devemos também nos colocar em posição de receber sem julgar ou rotular aquilo que causa incômodo ou não no outro, também.

Afinal, a Comunicação Não Violenta é um exercício diário de empatia e compaixão. 

Só assim, podemos promover uma comunicação mais autêntica, empática e construtiva, buscando soluções que levem em consideração as necessidades de todas as partes envolvidas.

Onde podemos usar a Comunicação Não Violenta?

A CNV pode ser aplicada em diversas áreas da vida social e na resolução de conflitos, por exemplo:

  • Ambientes de trabalho como empresas, na relação entre colegas ou entre patrões e colaboradores, em momentos dos temidos feedbacks;
  • Nas escolas, entre professores e alunos ou professores e pais, nas reuniões bimestrais;
  • Nas famílias, entre pais e filhos pequenos ou adolescentes, quando surge alguma demanda educativa;
  • Em hospitais, quando se vai repassar algum diagnóstico;
  • E até mesmo na polÍtica, quando chefes de Estados precisam fazer grandes acordos.

Expressões que ajudam a nos comunicar de forma empática:

De acordo com cada componente existem algumas expressões simples que podem ser úteis e nos ajudar na prática da CNV, por exemplo:

Observação:

  • “Quando observo isso…”
  • “Quando isso acontece…”

Sentimento:

  • “Eu me sinto…”

Necessidade:

  • “Para mim, é necessário…”
  • “Eu preciso…”

Pedido:

  • “Gostaria que…”
  • “Seria possível…?”

E para os momentos de demonstração de empatia:

  • Eu consigo imaginar como se sente…
  • Estou aqui para te apoiar…
  • Entendo que é importante para você…

Nas resoluções de Conflitos:

  • Vamos resolver juntos…
  • Vamos encontrar um meio-termo termo para nossas necessidades…

O que a CNV nos transmite, é que a melhor expressão para o momento virá. Pense, respire, e principalmente, sinta!

Benefícios da Comunicação Não Violenta.

Existem três níveis de benefícios a partir do momento em que passamos a viver a CNV.  Tais quais:

  • intrapessoal: a CNV ajuda a melhorar na autoconsciência e na autogestão. Na medida em que a comunicação mais empática encoraja a pessoa a refletir internamente sobre seus sentimentos, e necessidades, e sobre formas mais claras e assertivas de expressá-los;
  • interpessoal: Ao criar um ambiente de respeito, empatia e compreensão mútua, a CNV promove uma escuta atenta, que permite que as pessoas se entendam melhor. Além disso, ao incentivar a expressão de sentimentos e necessidades, o que leva a uma comunicação mais clara, fortalece os vínculos entre as pessoas;
  • Sistêmico: a CNV promove uma abordagem colaborativa, na qual as pessoas são incentivadas a trabalhar juntas para encontrar soluções que atendam às necessidades de todos.

E por fim, é interessante lembrarmos que a CNV não é uma fórmula mágica – e nem uma prática fácil- para levar as pessoas a fazerem o que queremos, ela deve ser usada para nos entendermos melhor em cada um desses níveis.

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